quinta-feira, 21 de maio de 2009

Os problemas relacionados à saúde dos professores.


Foi publicada recentemente uma matéria alarmante no site do Sindicato dos Professores sobre o tema da Saúde docente, nela vereadores do Rio de Janeiro debatem sobre a Saúde do professor e apontam dados alarmantes. Leiam a seguir:


A Comissão de Educação e Cultura da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro fará reuniões periódicas com professores para debater e estudar os problemas relacionados à saúde dos professores. A decisão foi na última terça, dia 5, em audiência pública na Casa Legislativa, promovida pela comissão para tratar do tema.


Participaram da mesa da audiência, além do presidente da comissão, vereador Reimont Ottoni (PT), o vereador Jorge Manaia (PDT), a professora da Pontífica Universidade Católica (PUC-Rio) Sandra Korman, a juíza do trabalho e pós-doutoranda em saúde mental do trabalhador, Cláudia Márcia de Carvalho Soares, a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Patrícia Corsino, e o presidente do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (Sinpro-Rio), Wanderley Quêdo.


Por iniciativa do Sinpro-Rio, o vereador Reimont abraçou a luta em favor da saúde do professor. "Vivemos situações adversas na sala de aula. O professor, de um modo particular o que atua em duas ou três escolas, acaba tendo comprometimentos na sua saúde física, mental e psicológica. Tudo fica desarticulado", alegou o vereador.


Entre as doenças mais abordadas durante a audiência esteve a Síndrome de Burnout. "E esta situação de estresse a que os profissionais estão submetidos constantemente é agravada ainda mais por outros fatores, como as férias e recessos", contou Reimont.


Calendário ùnico - Na avaliação do presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara, é necessário que se estabeleça um calendário único nas escolas. "No Rio estamos tentando isso para escolas estaduais, municipais e particulares. Assim o professor, que trabalha em mais de uma rede, ao sair de férias de uma escola, também o fará das outras", afirma Reimont, que acredita que o professor precisa de descanso para restabelecer suas energias, o que, segundo ele, se reflete diretamente na saúde dos docentes e a qualidade do ensino. A questão da saúde do professor é algo comum ao magistério e ao patronato, tanto na rede privada quanto na pública, segundo o petista. "Um professor afastado por doença tem problemas que se refletem na escola, prejudica também aos empresários da educação. A saúde é fundamental para que a educação aconteça de modo satisfatório, lá na ponta, na relação aluno-professor. Um aluno que tenha um professor equilibrado em sua saúde, receberá uma educação de muito mais qualidade", ponderou.


Doenças solitárias - Na visão da professora Sandra Korman, da PUC-Rio, o professor tem sobre si uma grande responsabilidade. "Na ausência do responsável, o professor é quem vai olhar para o sujeito e incentivá-lo, dizer que seus projetos são viáveis", afirmou. Korman ressaltou que entre os grandes males das doenças do professor é que são solitárias. "Como o professor não tem tempo para conversar com seus colegas, comumente fica pensando que só ele está doente, que o estresse está ocorrendo somente com ele, e acabando vivendo essa fase como se fosse algo singular", disse a professora, que acredita que debates sobre esses problemas ajudam os docentes a tomarem consciência de que essa é uma questão da sua classe, e não um problema pontual e isolado.


A professora Patrícia Cursino aproveitou a audiência para lembrar os problemas ligados à educação infantil no Brasil. Já juíza do trabalho Cláudia Marcia de Carvalho Soares afirmou que gostaria que fossem feitas mais ações preventivas aos problemas da categoria. "Quando chega até a Justiça do Trabalho é o problema de um professor com um empresário. O Ministério Público, por exemplo, se receber denúncias, poderá tentar ajudar em questões coletivas docentes", afirmou. A assessoria do vereador Reimont afirma que as reuniões com os professores serão abertas aos docentes que desejarem participar e levar questões para discussão.
Metade dos quadros está doente O presidente do Sinpro-Rio, Wanderley Quêdo, durante a audiência pública na Câmara de Vereadores do Rio, contou que quase metade dos professores, atualmente, sofre com algum tipo de estresse relacionado à sua profissão. Por este motivo, e pelas constantes denúncias recebidas no sindicato, que o Sinpro-Rio decidiu realizar a campanha "Saúde do Professor".


"Devido às condições de trabalho e aos baixos salários, os professores, muitas vezes, são obrigados a ter mais de um emprego. Muitos trabalham em quatro, cinco escolas, e ainda trabalham em casa. Por causa disso, ficam com uma exaustão crônica, que leva às doenças somatizadoras", declarou o presidente. Entre as doenças mais citadas entre os professores estão as alergias, especialmente os que ainda lidam com quadro negro e giz, que causam irritações na pele, no nariz e nos olhos; dores cervicais e lombares; assédio moral, distúrbios da voz e a Síndrome de Burnout, que se caracteriza por um estresse crônico, vivido em geral por profissionais que lidam com o público e com a resolução de problemas de outras pessoas.
O sindicato deseja que a disfonia também seja reconhecida oficialmente como um dos distúrbios relacionados ao trabalho. Uma pesquisa concluída pelo Sinpro-Rio em 2008 revelou que, dos 1.579 docentes entrevistados em 219 institutições privadas da cidade, 93,5% afirmaram ter sentido, pelo menos uma vez, um problema na voz e, do mesmo total, 78,4% disseram que ficam roucos quando abusavam da voz.


Em terceiro lugar nas queixas relacionadas a voz, vieram o cansaço e a ardência na garganta com 67,4%, e 60% admitiram precisar de um fonoaudiólogo.