domingo, 4 de outubro de 2009

Revista Nova Escola

Remédios para o professor e a educação


O alívio para problemas como estresse e dores musculares - as maiores causas de afastamento da sala de aula- está nos mesmos fatores que garantem um ensino de qualidade


Amanda Polato - Colaboraram Arthur Guimarães e Brígida Rodrigues


O trabalho deve ser fonte de realização e prazer, mas pode causar sofrimento e enfermidades. Pesquisa NOVA ESCOLA e Ibope feita em 2007 com 500 professores de redes públicas das capitais revelou que mais da metade dos entrevistados sofre de estresse. Entre as queixas freqüentes estão dores musculares, citadas por 40% deles. Preocupa também o fato de 40% terem declarado sofrer de forma regular alguma doença ou mal-estar. Esse mal-estar docente, tão comum, ganhou até definição do pesquisador espanhol José Manuel Esteve: "Algo que sabemos que não vai bem, mas não somos capazes de definir o que não funciona e por quê".


Nos casos mais sérios, os sintomas acabam afastando os profissionais da sala de aula. No estado de São Paulo a maior rede do país, com 250 mil professores, são registradas 30 mil faltas por dia. Só em 2006 foram quase 140 mil licenças médicas, com duração média de 33 dias. O custo anual para o governo estadual chega a 235 milhões de reais - correspondente ao valor a ser destinado pelo Ministério da Educação (MEC) para construir, mobiliar e equipar 330 escolas de Educação Infantil em 2008.


O problema se repete pelo país e faz com que as doenças de quem leciona tornem enfermo o sistema de ensino. "Em todas as redes o absenteísmo preocupa porque os prejuízos para o aprendizado são muito grandes", diz Cleuza Repulho, ex-presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação e consultora de Educação Básica do MEC.


O tema vem despertando a atenção de pesquisadores. Tufi Machado Soares, da Universidade Federal de Juiz de Fora, estudou o impacto das faltas na rede mineira e constatou que os alunos da 4ª série que tinham mestres assíduos alcançaram média 15 pontos maior que a dos demais em Língua Portuguesa no Programa de Avaliação da Educação Básica de 2002.


"Todo mundo perde com os afastamentos. Mas é importante que o direito de estudar acompanhe o direito de ter condições para oferecer uma boa aula", defende Roberto Franklin de Leão, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação. Sem dúvida, o que não pode é a falta virar a única estratégia para lidar com as questões de saúde. "Entender o que causa as doenças ou contribui para que elas se manifestem requer olhar para a sociedade, para o sistema educacional como um todo e para a relação com o trabalho", avalia Iône Vasques-Menezes, da Universidade de Brasília.

Soluções para essa epidemia têm sido discutidas e colocadas em prática em diferentes níveis: secretarias criam programas de prevenção, escolas reorganizam processos e educadores buscam formas criativas de enfrentar as dificuldades do dia-a-dia. Todas elas, além de contribuir para o bem-estar e o desempenho do profissional, têm impacto positivo na qualidade da Educação. Os "remédios" prescritos - tanto no sentido de prevenção quanto no tratamento - são gestão, formação, organização do tempo, trabalho em equipe, relacionamento com os alunos, infra-estrutura, currículo e valorização social. Nenhum combate sozinho todos os sintomas, mas, associados, eles podem formar um coquetel eficaz para acabar com a situação de impotência diante de um sistema tão doente.

Apoio da direção traz segurança


Uma gestão democrática e participativa é capaz de alterar as condições de trabalho dentro da escola, como relatam Analía Soria Batista e Patrícia Dario El-Moor no livro Educação: Carinho e Trabalho (Ed. Vozes). Instituições com maior participação dos pais e da comunidade têm mais materiais de apoio ao ensino e são mais limpas, por exemplo, o que contribui para melhorar o bem-estar de quem ali leciona.


A presença de diretores e coordenadores pedagógicos que dêem suporte efetivo equipe escolar e se co-responsabilizem pelos resultados do ensino é, igualmente, fator de aprimoramento das condições profissionais. Nesses profissionais estão as respostas para dificuldades que vão de questões pedagógicas a problemas de relacionamento. É o que mostra à pesquisa Saúde e Apoio Social no Trabalho, realizada em 2006 por Rodrigo Manoel Giovanetti, na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. "O apoio social tem efeitos moderadores do estresse e da síndrome do esgotamento, além de promover satisfação e produtividade", explica Giovanetti.


As investigações em escolas públicas levaram o pesquisador a concluir que, quando o diretor deixa de focar a atuação nas questões burocráticas, ele consegue tornar o dia-a-dia menos desgastante para todos. Por sua vez, os coordenadores, que também ocupam posição de liderança, têm papel fundamental no acompanhamento da prática em sala. Essa ação tem o poder de minimizar as angústias do docente diante das adversidades.

Em Itupiranga, a 630 quilômetros de Belém, uma mudança na gestão da Educação foi implantada tendo como foco a qualificação dos coordenadores pedagógicos. Três anos atrás, nem todos os 440 professores podiam contar com a ajuda desses profissionais. Desde então há encontros quinzenais para que eles recebam formação continuada com supervisão do Programa Além das Letras, do Instituto Avisa Lá. De acordo com a diretora de Ensino Rosanea do Nascimento de Lucena, antes os coordenadores não conseguiam desempenhar sua principal tarefa: organizar atividades de estudo com a equipe. "A estratégia uniu a rede e deu um suporte de conteúdo para os educadores."


Os resultados são vistos também de forma significativa na saúde do grupo. Ainda há casos de estresse e depressão entre os mais velhos, que contam com acompanhamento psicológico. "Os novos dificilmente têm problemas por sobrecarga ou frustração, já que recebem apoio à prática."


Bem-estar para quem se prepara

Os conhecimentos sobre didática avançam; a necessidade de se manter atualizado com relação aos conteúdos é constante; as salas de aula estão se tornando inclusivas; a sociedade exige cada vez mais da escola; e, por fim, há um abismo entre a formação inicial e a prática do Magistério. A pressão e a ansiedade para se adequar a tudo isso muitas vezes dão origem a doenças, mal-estar e tensão.


"O estresse aumenta quando a pessoa faz algo que não motiva. Por isso, temos investido em capacitação para dar melhor condição ao educador para se desenvolver e desempenhar sua função com prazer", afirma Marcos Monteiro, secretário-adjunto de Gestão do estado de São Paulo. Na rede paulista, na qual é altíssimo o absenteísmo por problemas de saúde, está sendo implantado um sistema de bonificação que terá entre os indicadores a assiduidade da equipe e o nível de aprendizagem dos alunos.

De modo geral, os mais inexperientes não conseguem dar conta das situações cotidianas, e muito menos das imprevistas. "Eles tendem a controlar a turma com gritaria e ofensas", afirma Gisele Levy, que concluiu mestrado sobre o tema na Universidade do Estado do Rio de Janeiro no ano passado. Ela identificou que 70% dos quadros de cinco escolas de Niterói, a 20 quilômetros da capital fluminense, apresentavam sintomas da síndrome de burnout, caracterizada por exaustão física e emocional. Em início de carreira, muitos profissionais, de acordo com Gisele, se inibem e acabam dando aulas de forma mecanizada. Em situações como essa é improvável que os estudantes avancem.


Quem encontra respostas adequadas aos dilemas da profissão consegue manter-se equilibrado e alcançar sucesso. Foi o que ocorreu com Liliane da Silva Oliveira Schanuel, de Petrópolis, a 68 quilômetros do Rio de Janeiro. Até 2006 ela trabalhava em uma escola em que não tinha ajuda para se aprimorar. Não dava para saber se eu estava indo no caminho certo. Era cansativo e estressante. Hoje ela dá aulas para a 3ª série na EM São José do Caetitu, onde a coordenação pedagógica é atuante. Lemos e debatemos sobre tudo o que nos cerca. O aprimoramento me trouxe tranqüilidade.


Para Rosilene Ribeiro, da Secretaria Municipal de Educação de Petrópolis, a formação continuada é tão importante quanto a inicial. "Ela é útil para transformar questões cotidianas da prática em objetos de análise e reflexão". Com doutorado concluído na área, Rosilene atesta: "Os docentes planejam e avaliam com maior segurança". Aulas mais bem preparadas têm impacto no desempenho da turma e, por conseqüência, na satisfação profissional.


Horários para estudo e diversão


Uma boa forma de reduzir o cansaço físico e mental e ainda melhorar os resultados de aprendizagem dos estudantes é ter tempo para estudar, planejar e reunir-se com os colegas sem esquecer os momentos de lazer. De acordo com a pesquisa NOVA ESCOLA e Ibope, os professores gastam em média 59 horas por semana em atividades ligadas ao trabalho 50% desse tempo em sala de aula. Metade deles tem menos de seis horas por semana de lazer. Esses são os que mais apresentam sintomas de estresse como insônia e dores de cabeça freqüentes.


Há três anos, Valéria Hengleluz, que leciona em duas escolas de Osasco, na Grande São Paulo, teve diagnóstico de depressão. O maior motivo, acredita, foi a carga pesada de trabalho - 70 aulas semanais em até três turnos. Quando estava em casa, ela sentia que tudo melhorava. Mas, quando o momento de retomar as aulas se aproximava, ficava aflita. Em cinco ocasiões, chegou ao portão da escola e não conseguiu atravessá-lo. "Eu tinha uma sensação de perda total, me sentia inútil, achava que ia morrer."


Valéria tirou licença médica e se afastou da EE Professor José Jorge e da escola particular em que lecionava. Para sair da crise e voltar a dar aulas, sua grande paixão, mudou a rotina: descansa mais, lê, assiste a filmes e faz caminhadas. "Antes eu quase não saía de casa. Agora, não recuso um convite para ir ao cinema." Ela definiu um limite de 40 aulas semanais de carga horária e, para se adaptar ao salário menor, reduziu as despesas pessoais.


De acordo com Beatriz Cardoso, docente da Universidade de São Paulo e coordenadora executiva do Centro de Educação e Documentação para a Ação Comunitária (Cedac), em São Paulo, a gestão do tempo não está só nas mãos do professor. Essa tarefa depende também das condições oferecidas a ele pela rede. "Nesse nível, deve-se, em primeiro lugar, optar pelo que potencializa a aprendizagem e, em segundo, considerar outras particularidades da rotina escolar", define Beatriz. E aí estão incluídas as horas de trabalho pedagógico remuneradas, essenciais para a qualidade da prática.


O poder do apoio dos colegas

Maria Elizabeth Barros de Barros, da Universidade Federal do Espírito Santo, estudou as estratégias encontradas pelos docentes a fim de promover a saúde o que, para ela, não é a ausência de doenças, mas a crença na possibilidade de acabar com o que faz sofrer. "O mais eficaz é apostar na boa relação entre os professores e construir o sentimento de grupo", aponta.


Por sua importância, o trabalho em equipe é um tema que deveria ser mais valorizado pelos gestores na opinião de Beatriz Cardoso. "É preciso pensar em meios e condições para que ele seja o mais produtivo possível." Quando há momentos de conversa e atividades coletivas, os profissionais e suas ações ficam mais fortalecidos. "Quem tenta fazer algo diferente sozinho acaba não tendo o respaldo dos colegas ou a orientação dos mais experientes", diz Maria Elizabeth. Se a troca de informações se torna prioridade no dia-a-dia da escola, surge em cada um o sentimento de que suas idéias são úteis para a produção social. Dessa forma, a prática pedagógica também é enriquecida - e os alunos só têm a ganhar.


Na EMEF Professora Altamira Amorim Mantesi, em Araraquara, a 277 quilômetros de São Paulo, o trabalho em equipe faz parte do cotidiano. "O planejamento fica bem melhor com a troca de experiências", conta Bia Pinto César, que leciona para o 5º ano. "Eu não gosto de preparar aulas baseada apenas em um livro ou uma fonte. É ótimo quando uma colega me mostra um material novo que eu não havia encontrado em minhas pesquisas. Isso faz toda a diferença na qualidade do ensino."


Bia considera o momento também um grande alívio para as pressões e cobranças do dia-a-dia: "Tenho muito mais segurança. Sem esse diálogo constante com minhas companheiras, seria bem mais difícil". A pesquisadora Maria Elizabeth acredita que no ambiente escolar pode haver espaço para choro e queixas - que aliviam a tensão cotidiana - desde que isso se torne algo positivo. "A queixa deve se transformar em alternativas para enfrentar as adversidades. Só reclamar leva a mais mal-estar", ressalta.


O melhor meio de manter a paz


A dificuldade de relacionamento com crianças e jovens em classe é a maior queixa dos professores, como mostra a pesquisa NOVA ESCOLA e Ibope. A falta de disciplina foi citada como o principal problema em sala de aula por 46% dos entrevistados. Maristela Rautta, de São Miguel do Oeste, a 693 quilômetros de Florianópolis, teve muitos momentos de estresse exatamente por causa disso. No ano passado, a professora do Grupo Escolar Municipal São João Batista de la Salle encontrou uma turma de crianças de 7 anos muito agitada. Elas subiam nas mesinhas e brigavam constantemente entre si. "A relação com as crianças é condição para a docência. Se ela está deteriorada, como ensinar? Essa é uma das razões do grande mal-estar entre os educadores", explica Inês Teixeira, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).


Para Yves de La Taille, da Universidade de São Paulo, o desrespeito é um fenômeno discutido no mundo todo e ultrapassa os limites da escola. "A ausência do senso moral, da idéia de que o outro existe e eu preciso respeitá-lo, é geral." Um dos caminhos, segundo ele, seria a escola discutir princípios de forma sistemática para que os alunos entendessem o porquê das regras. Maristela seguiu linha semelhante e encontrou uma solução para a indisciplina dentro da sala com o apoio da coordenadora, Clarisse Thums, e de toda a equipe. Ela estabeleceu regras, levou as crianças a discutir seus sentimentos em relação aos pais e à escola e a refletir sobre as atitudes de convivência.


Além disso, Maristela também mudou sua forma de dar aulas - esse resgate da autoridade pelo conhecimento, segundo De La Taille, é outro ponto essencial nas relações entre estudantes e mestres. "Muitos alunos não avançavam no aprendizado, e alguns não estavam alfabetizados. Agora eu procuro desafiá-los o tempo todo. Hoje me sinto muito bem e uma profissional bem melhor", diz ela.


Boas condições, bom desempenho


O espaço da escola afeta tanto o cotidiano dos professores quanto o dos alunos. A precariedade das condições físicas dificulta as aulas, tornando-as desgastantes e reduzindo a produtividade. Mobiliário inadequado ou classes sem boa ventilação, iluminação ou acústica podem causar ou agravar problemas de saúde, como os osteomusculares ou de voz.


Rejane Cristina dos Santos, da EE Imaculada Conceição, em Pedro Leopoldo, a 46 quilômetros de Belo Horizonte, sofreu em razão das condições inadequadas do ambiente e do mau uso que fazia da voz falava alto e permanecia em contato com pó de giz por tempo demasiado. No ano passado, ficou completamente afônica durante 15 dias. Passado o susto, ela se valeu da criatividade para voltar à sala de aula: construiu painéis em que escreve com canetão e usa microfone.


Iniciativas individuais como a de Rejane são relevantes, mas cabe aos gestores da rede e da escola cuidar da questão. Há oito anos, Joice Salete Silverio Pires, da EM Marumbi, em Curitiba, começou a acordar sem voz. O problema poderia ter se agravado se a diretora não a tivesse encaminhado ao programa municipal de qualidade vocal. Ela fez um tratamento fonoaudiológico e operou nódulos nas cordas vocais. "Depois disso, a prefeitura disponibilizou um microfone para eu usar em classe", conta Joice. Além de seu bem-estar, garantiu-se, assim, a qualidade do ensino que ela ministra.


Também visando à aprendizagem, o Tocantins está definindo padrões de qualidade do ambiente escolar que incluem conforto acústico, ventilação, temperatura e iluminação adequadas e acessibilidade. "Criamos políticas para reduzir os riscos para alunos e professores, pensando em saúde e Educação de forma articulada", diz Maria Auxiliadora Rezende Seabra, secretária de Educação e Cultura.

Um rumo para a prática


Ter clareza sobre o que ensinar é condição para que os docentes executem bem sua função em classe. Apresentar esses conteúdos é papel das diretrizes curriculares. "Quando há referências e metas, apontando caminhos para os quais se deve ir o professor toma decisões com maior segurança e isso tem impacto na qualidade da Educação", afirma Neide Nogueira, da equipe responsável pela elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Com a certeza de ter as condições necessárias para desempenhar bem sua função, o educador sofre menos.


Os PCNs foram elaborados com o objetivo de proporcionar uma formação ampla ao aluno, torná-lo alguém que põe o conhecimento em uso na vida social. Cada secretaria deve se apropriar dessas referências e adequá-las ao contexto local. "Cabe às escolas, por sua vez, criar um projeto pedagógico que defina priorida- des e ações", diz Neide. O ideal é que elas montem um currículo completo para que a equipe docente saiba a fundamentação teórica adotada, o histórico do ensino das disciplinas, os objetivos de aprendizagem de cada ciclo ou série, os conteúdos que devem ser trabalhados e as orientações didáticas.


Para se tornar eficaz, no entanto, um currículo precisa ser elaborado com a participação de todos os envolvidos no processo educativo. Diretrizes definidas nos gabinetes e apenas apresentadas a quem deve segui-las trazem descontentamento e mais angústia. Preocupada em atualizar a proposta curricular que tinha até então, a equipe da Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande decidiu estender a discussão a todos os gestores, às equipes técnicas e aos professores, o que deu origem a um novo documento, já em fase de consolidação. "Houve encontros e debates nas escolas, até com a comunidade e os estudantes, e um forte intercâmbio", conta Leusa de Melo Secchi, técnica da divisão de Educação Infantil da rede. Para ela, o mais significativo da experiência é poder socializar conhecimentos e dividir responsabilidades. A definição coletiva do trabalho dá a tranqüilidade de lecionar sabendo exatamente onde pisar. "Todos têm o compromisso com o que foi produzido e até com os possíveis erros."



Satisfação vem com prestígio


O apoio da sociedade aos educadores está diminuindo. É o que sente um terço dos professores brasileiros, segundo a pesquisa NOVA ESCOLA e Ibope. Isso acaba afetando seu bem-estar e seu desempenho em sala de aula. "A progressiva desqualificação e o não-reconhecimento social potencializam o sofrimento dos docentes", assinala Mary Yale Rodrigues Neves, da Universidade Federal da Paraíba. Quando se fala em valorização social, o sentido não deve ser apenas retórico, o que inclui homenagens e discursos em favor do Magistério. Essa é a opinião de Inês Teixeira, da UFMG: "A valorização tem de ser real. Profissional reconhecido é aquele que dispõe de boas condições de exercer sua função no dia-a- dia, salário compatível com o que se espera dele e políticas públicas que cuidem de sua formação e sua saúde".


A Finlândia, o país com a melhor Educação do mundo segundo o Pisa, avaliação feita pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, é um lugar em que a carreira docente está entre as mais concorridas e desfruta de grande prestígio. Lá, as principais apostas do sistema educacional são um currículo amplo e a formação docente. "A escola é o reflexo da sociedade na qual está inserida", conclui Inês Teixeira.


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Problemas de voz


Principais problemas


Irritação, coceira e dor de garganta, cansaço ao falar, pigarro e a sensação de que a voz some e falha no decorrer do dia ou da semana, inflamação nas cordas vocais, laringite, nódulos nas cordas vocais.


Origem


O uso da voz por muitas horas seguidas, muitas vezes em tom elevado, pode causar danos sérios, somado ao excesso de trabalho reduz o tempo de descanso e lazer. As condições físicas de trabalho inadequadas, como salas de aula mal projetadas, ruído externo e interno a sala de aula, sala de professores com estrutura inadequada também são agravantes. Também é relevante dizer que falta de informações sobre cuidados com a saúde vocal na formação e atuação profissional.


Prevenção


§ Evite concorrer com ruídos que exijam aumento na intensidade vocal (carros, aviões, retroprojetor, ventilador, entre outros).


§ Evite sussurrar ou pigarrear.


§ Não fale enquanto escreve na lousa (para não aspirar o pó de giz).


§ Evite roupas pesadas e que apertem a região do pescoço e abdômen.


§ Beba regularmente água, em pequenos goles, quando estiver dando aulas.


§ Articule bem as palavras.


§ Mantenha uma alimentação saudável e regular (evite comidas gordurosas, chocolate, café ou bebidas com cafeína, bebidas gasosas e cigarro; coma maçã para limpar o trato vocal).


§ Na hora de acordar e levantar da cama, espreguice e faça alongamentos tentando relaxar. Utilize recursos em sala que aumentem a participação dos alunos e ajudem a poupar a voz.


§ Tenha alguns intervalos para descansar a sua voz.


§ Com orientação fonoaudiológica, faça exercícios de aquecimento e desaquecimento vocal.


Tratamento


Se tiver rouquidão ou outro dos sintomas por mais de 15 dias procure imediatamente um médico especialista para avaliação e tratamento específico. Doenças benignas costumam ser tratadas com fonoterapia e tratamento medicamentoso. A microcirurgia da laringe é indicada para a correção de doenças tumorais e nódulos.


Fontes: Fabiana Zambon, fonoaudióloga do Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP) e Jeferson Sampaio D’Avila, presidente da Academia Brasileira de Laringologia e Voz.






Dores musculares


Principais problemas


Lesões por esforços repetitvos (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORTs). Os problemas ligados a postura, estresse e trabalho excessivo podem gerar casos de tendinite, bursite, dores na coluna, síndrome do túnel do carpo, varizes.






Origem


Os professores permanecem por muitas horas em pé, usando muitas vezes, no caso das mulheres, sapatos altos e inadequados. Os saltos altos podem gerar posturas inadequadas, como, por exemplo, a hiperlordose lombar. A posição em pé inadequada por muitas horas leva a sobrecarga e conseqüentes dores na coluna e fadiga muscular. A posição em pé por longos períodos também gera contração muscular estática, o que favorece a diminuição no fluxo sanguíneo e conseqüentemente surgem as varizes. As tendinites e bursites no ombro são ocasionadas por movimentos repetitivos quando o ombro fica flexionado acima de 90 graus devido a impactação das entre estruturas ósseas, musculares e tendineas o que também é conhecido como síndrome do impacto. O fato de o professor ter que corrigir muitas provas, preparar aulas, entre outros, faz com que apresente também problemas nos punhos como síndrome do túnel do carpo (compressão continua do nervo mediano na região óssea denominada região do carpo), no cotovelo como epicondilites e tendinites devido ao overurse (excesso de uso destas estruturas). Dores cervicais também podem ser geradas devido as posturas estáticas ou incorretas da cabeça (flexões do pescoço ou extensões) e tensionamento dos músculos cervicais.


Prevenção


Tudo depende da forma como o professor organiza e conduz os trabalhos diários em sala, mas há algumas recomendação gerais:


§ Adeqüe a carga horária de trabalho para que não se torne desgastante.


§ Crie e respeite momentos de descanso.


§ Evite sapatos com salto alto.


§ Mantenha uma postura adequada.


§ Evitar movimentos repetitivos.


§ Faça exercícios físicos regularmente.


§ Se tiver que segurar crianças pequenas no colo, não flexione muito a coluna.


§ Tenha cuidado com a quantidade de material que carrega.


§ Não escreva no quadro de maneira contínua.


§ Dê atenção a dores e sintomas e não deixe o corpo chegar ao limite.






Tratamento


Não ignore os sintomas. Quanto mais rápido procurar ajuda de um profissional que consiga verificar a amplitude do problema, mais fácil é reverter o quadro. Automedicação resolve os problemas de maneira pontual e não é o mais indicado.


Fonte: Rosimeire Simprini Padula, doutora em Fisioterapia pela Universidade Federal de São Carlos e coordenadora do Grupo Técnico – Prevenção de Lesões Músculoesqueléticas e Reablitação da Associação Brasileira de Ergonomia (Abergo).


Transtornos mentais e comportamentais


Principais problemas


Os principais sofrimentos psíquicos estão ligados a ansiedade, insônia, angústia, desânimo, choro fácil, insegurança excessiva, tensão, estresse, depressão, síndrome do pânico e síndrome de burnout (o esgotamento físico e emocional).






Origens: Podem ser desde situações pontuais (caso do estresse, que é a reação a uma situação inesperada) até fatores multideterminados. Há questões centrais como falhas na formação inicial, ausência da continuada, o excesso de tempo em sala e falta para o planejamento ou descanso e lazer, a desvalorização social, a violência, a difícil relação com os alunos e a dificuldade de retomar a autoridade em sala, a ausência de apoio institucional (tanto do lado da gestão do trabalho quanto da infra-estrutura), de apoio entre os pares e das famílias dos alunos.


Prevenção


1. O que as redes podem fazer


§ Avaliar os motivos que levam aos adoecimentos.


§ Qualificar o trabalho dos diretores e coordenadores pedagógicos.


§ Investir em formação continuada de qualidade.


§ Oferecer escolas com boa infra-estrutura básica (iluminação, temperatura e acústica adequadas, materiais pedagógicos), além de segurança preventiva.


§ Em conjunto com os atores educacionais, elaborar um currículo que dê norte ao trabalho em sala.


§ Valorizar formalmente o professor (por exemplo, com salários compatíveis ao que se espera dele, o que pode evitar que ele assuma outros turnos e empregos).






2. O que as escolas podem fazer


§ Fortalecer uma gestão democrática que favoreça as relações interpessoais.


§ Qualificar o tempo do trabalho em equipe.


§ Participar da gestão do aprendizado. Diretores e coordenadores ser co-responsáveis pelos resultados educacionais.


§ Aproximar a família da escola.


§ Participar da construção do currículo da rede.


§ Desenvolver um trabalho sistemático que discuta princípios, valores e regras para melhorar o relacionamento entre professores e alunos e entre todos na equipe escolar.


§ Avaliar constantemente as condições de trabalho da equipe e acompanhar os casos de adoecimento.






3. O que você, professor, pode fazer


§ Aposte em qualificação continuada para ficar melhor preparado diante das adversidades e também para ter maior segurança em sala de aula.


§ Participe da construção do currículo da rede ou da escola, assim como do projeto político pedagógico.


§ Aproxime a família da escola.


§ Trabalhe uma melhor convivência com os alunos, com apoio da escola.


§ Exija melhores condições de trabalho.


§ Pratique exercícios físicos, crie e respeite horários de descanso e lazer para uma melhor qualidade de vida.


§ Questione e tentar entender os problemas que o atingem e aprenda a lidar melhor com as dificuldades, sobretudo por meio das relações interpessoais e do trabalho em equipe.


§ Busque ajuda psicológica se necessário.


Tratamentos: Depende do problema e do grau de desgaste. Os mais comuns são com psicoterapia e medicação temporária.


Fontes:


Beatriz Cardoso, do Centro de Educação e Documentação para a Ação Comunitária (Cedac); Francisco Nunes Sobrinho, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Gisele Levy, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Iône Vasques-Menezes, da Universidade de Brasília; José Manuel Esteve, da Universidade de Málaga (Espanha); Manoel Giovanetti, psicólogo que defendeu mestrado na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; Maria Elizabeth Barros de Barros, da Universidade Federal do Espírito Santo; Mary Yale Rodrigues Neves, da Universidade Federal da Paraíba; Neide Nogueira, da equipe responsável pela elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs); Rosilene Ribeiro, da Secretaria Municipal de Educação de Petrópolis; Wanderley Codo, da Universidade de Brasília; Yves de La Taille, da Universidade de São Paulo.

Fonte: Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo



Praça da República, 282 - CEP: 01045-000 - São Paulo SP - Fone: 3350-6000


http://apeoespsub.org.br/especiais/remedios_educacao.html

VOCÊ É UM GEEK?

Então responda o teste abaixo...

1. Acidentalmente você clica a sua password no microondas?

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4. Envia um e-mail ou conecta o Messenger para conversar com a pessoa que trabalha na mesa ao lado da sua?

5. A razão por que não fala há muito tempo com alguns familiares é que desconhece os seus endereços eletrônicos?

6. Se você esquece o celular em casa, fica apavorado e volta imediatamente para buscá-lo?

7. Levanta cedo e liga o computador antes de tomar o café da manhã?

8. Conhece o significado de lol, tbm, qdo, naum, msm, dps, tc…

9. A maioria das piadas que conhece, recebe por e-mail (e ainda por cima ri sozinho…)?

10. Quando o seu computador para de funcionar, parece que foi o seu coração que parou?

Se você respondeu sim a uma, apenas uma dessas perguntas, não precisa ter nenhuma dúvida: você é um geek – termo usado para designar os viciados em tecnologia. E uma pessoa assim, pode ser capaz de cometer verdadeiras loucuras para consumir os últimos lançamentos de máquinas fotográficas digitais, aparelhos celulares, Tvs de LCD...

“Na verdade a tecnologia entra no contexto, como se fosse um tipo de compulsão, tal como o consumo excessivo de chocolate, álcool entre outros. O mecanismo, de uma forma geral é o seguinte: a pessoa, na tentativa de minimizar um estado intenso de ansiedade interna e inconsciente, lança mão desse tipo de comportamento para tentar administrar a angústia. Mas, por se tratar de um sentimento de ordem inconsciente, o mecanismo de compensação, como, por exemplo, acessar a caixa de e-mails várias vezes ao dia, ou comer muito chocolate, não será suficiente para dar fim à ansiedade, já que as causas, como disse, são inconscientes, então a pessoa, de novo, reinicia o ciclo”, esclarece a psicóloga da UERJ, Gisele Cristine Levy, especializada em estresse.

Mas quais são os sintomas dessa doença?

“Para citar alguns, eu falaria sobre aquelas pessoas que, mesmo sem exigência profissional, possuem vários números de celulares, laptops e artigos do gênero, ou viajam para um SPA, mas a primeira coisa que perguntam é se existe conexão com a internet. Portanto, quando o uso da tecnologia substitui o contato com as pessoas, prejudicando sua vida afetiva e prática, torna-se negativa e perigosa”, diagnostica a psicóloga.

O editor de imagens da Rede Globo de Televisão, Luiz Paulo, 54 anos, não se reconhece como um viciado em tecnologia. Segundo ele, é “apenas para se sentir atual e mais jovem que sai em busca dos novos lançamentos”. Mas seu lado geek se revela mesmo quando assume que tem uma mala especial para carregar os fios e cabos dos seus laptops, celulares e máquinas digitais em suas viagens, mesmo que só por um curtíssimo final de semana.

Luiz Paulo garante que não fica estressado se, por acaso, algum deles dá sinal de que vai pifar:

“Não tem problema porque tenho sempre algum desses equipamentos de reserva. Tenho computador, por exemplo, na Globo, em casa e também tenho um laptop.Viciado mesmo, eu não sou não”, se ilude o editor.

Cura

Já a publicitária Lígia Villela, vê a tecnologia como “uma ótima ferramenta para fazer amigos e para se comunicar rapidamente com eles”. E ainda acrescenta: “os recursos criados pela tecnologia fazem, todos os dias, uma revolução na vida da gente. Tenho um recurso no meu celular chamado, Moto ID, que me permite identificar a música e o álbum que estiver tocando em qualquer rádio. Antes, eu tinha que ficar atenta para ouvir o nome e, depois, ir às lojas perguntar se havia CD daquela cantora ou cantor. Isso não é fantástico?”, indaga.

Como a diferença entre o antídoto e o veneno é a dose, os especialistas alertam para uma nova doença que vem surgindo, paralelamente às novas descobertas tecnológicas: o tecnostress ou seja, a irritação que sentimos quando não conseguimos operar um novo equipamento ou quando este se mostra com defeito e até mesmo quando o elevador demora a chegar ou o celular de alguém encontra-se fora de área.

“Vamos continuar a sentir os efeitos do tecnostress cada vez mais, a menos que tenhamos sucesso em estabelecer onde estão as fronteiras saudáveis. Temos de parar e avaliar nossas vidas, porque somos nós que estamos causando os problemas, não a tecnologia”, adverte a psicóloga capixaba, Maria Luíza Amorim Macedo.

Uma vez diagnosticada a doença, há cura? “Sim”, afirma a psicóloga Gisele Levy, “na maioria do casos”, continua. “A cura pode vir de vários caminhos: da própria pessoa, que superando uma situação dolorosa como, por exemplo, a morte de um ente querido, após o luto muda de comportamento, da psicoterapia, nos casos mais intensos, de medicação e por fim de terapias alternativas como a meditação”.

Fonte: IGEDUCA.COM.BR
http://www.igeduca.com.br/artigos/saude-total/voce-e-um-geek.html