sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Matéria retirada do blog: redepitagoras.com.br


Dica de Especialista

16/07/2010 :: Pesadelos que assustam as crianças


No meio das noites, o casal Amorim recebe a visita frequente da filha mais nova, Ísis, assustada com o monstro que viu no pesadelo.
“Sentimos muita pena porque percebemos que ela sofre com a situação. O coraçãozinho dispara e os olhos se arregalam de susto”, descreve Marina Amorim, a mãe da criança.
Freud, na obra “A Interpretação dos Sonhos” (1988), diz que o sonho nada mais é que a tentativa de realização de nossos desejos reprimidos “(...) O sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente”.
Mas e o pesadelo? Freud, mais tarde, compreendeu que o pesadelo é uma tentativa do inconsciente de controlar um material reprimido que causa muito sofrimento à pessoa. Portanto, nos pesadelos as sensações fortes como angústia ansiedade e medos extremos são comuns, fato que nos obriga a acordar, a fim de nos livrarmos do suplício.
De acordo com a psicóloga Gisele Cristine Levy, “no caso das crianças, os pesadelos tendem a ser mais comuns, minimizando sua frequência com o passar da idade. Em muitos casos, os pesadelos estão associados à angústia de separação (a noite é o momento no qual a criança, ao acordar percebe que está sozinha), às mudanças no contexto familiar, à morte ou a um perigo real".
“Ter pesadelos faz parte da vida” continua Gisele, “no entanto este fato torna-se um problema quando passa a ser frequente, prejudicando a dinâmica familiar, a relação com os outros e o rendimento da criança na escola. Nesse caso é importante que os pais procurem primeiro um médico, para eliminar a possibilidade de doença orgânica, e, depois, um psicólogo”.
Dormir com os anjinhos
Como ajudar à criança? A psicóloga sugere “conversar sobre o pesadelo e procurar fazer com que a criança se expresse através de desenhos, massinha ou verbalmente”. Outras dicas da especialista é estabelecer um ritual associado à hora de ir dormir: dar um copo de leite, vestir o pijama, contar uma história (cuidado com o tema...), cantar uma canção de ninar etc... Pode deixar também acesa uma luz bem fraquinha, mas é importante abandonar progressivamente a estratégia na medida em que os pesadelos comecem a diminuir, caso contrário a criança nunca se sentirá segura dormindo sozinha no escuro.
“Oferecer à criança um bicho de pelúcia, um travesseiro ou uma fralda na hora de ir para a cama para amainar o momento de separação dos pais e transmitir uma sensação de conforto e segurança também ajuda”, prossegue Gisele.
Outro conselho da psicóloga é “não dar alimentos pesados ou muito gordurosos, como achocolatados, biscoitos e refrigerantes, antes da criança dormir, porque aumenta o metabolismo do corpo, inclusive da mente, podendo provocar pesadelos”.
E mais, se seu filho (a) assiste TV na hora de dormir, evite filmes ou desenhos assustadores e violentos e jogos de computador, pelo menos 40 minutos antes da hora de dormir. Essa pode ser a técnica ideal para ele (a) dormir com os anjinhos...
OBS: A entrevistada Gisele Cristine Levy é Psicóloga Clínica, com pós-graduação em Psicanálise, Mestre em Educação e Doutoranda em Políticas Públicas pela UERJ. É encontrada no blog Viva Sem Stress.

A incidência da Síndrome de Burnout entre os professores acarreta prejuízos ...


A incidência da Síndrome de Burnout entre os professores acarreta prejuízos tanto para a saúde do professor quanto para a sociedade de uma maneira geral. Os dados sobre a saúde e a Qualidade de Vida no trabalho docente são alarmantes e os números estatísticos sobre os afastamentos são prova disso.
Em 2009, a principal causa de afastamento dos professores dos seus postos de trabalho foram os transtornos mentais. Em 1999, os transtornos mentais eram responsáveis por cerca de 16% dos afastamentos. Em 2009, a porcentagem subiu para 30% - de um universo aproximado de 16.000 afastados.

                Os aspectos presentes nas contingências do trabalho docente exigem desses profissionais competências que vão além de suas capacidades físicas e mentais. Essas exigências estão relacionadas a fatores contribuintes que podem desencadear patologias físicas e/ou psicológicas, favorecendo, dessa forma, o surgimento da Síndrome de Burnout nessa categoria profissional.

Em relação aos fatores contribuintes para o desenvolvimento da Síndrome de Burnout, são a falta de recursos materiais; as péssimas condições de trabalho; salas de aula superlotadas; alunos desinteressados; e problemas de comportamento. Além desses, podem-se mencionar a carência de material didático e de recursos para as renovações metodológicas, limitações institucionais que interferem no cotidiano escolar do professor, violência e vandalismo, prédios mal conservados, não oferecendo as mínimas condições de uso, crise econômica do sistema educacional e a implantação do programa de inclusão educacional na rede regular de ensino.

A inserção do professor no programa de inclusão nas escolas da Rede Pública de ensino acentuou os seus problemas, tornando a sua jornada um desafio ainda maior. A todo momento esses profissionais deparam com inúmeros fatores que dificultam a sua rotina de trabalho, como acessibilidade dificultada nos prédios e ausência de recursos didáticos, formação inadequada ou insuficiente, entre outros tantos problemas. Porém, além das questões organizacionais e técnicas, existem aquelas associadas à subjetividade desse profissional, pois eles precisam lidar o tempo todo com sentimentos de frustração e de ansiedade, relacionados ao rendimento escolar do aluno, que nem sempre é satisfatório, à falta de empenho dos pais em dar continuidade aos conteúdos desenvolvidos e ao seu sentimento de impotência diante dessa realidade.

Portanto para que este panorama mude é necessário o investimento em ações públicas que visem as melhorias das condições de trabalho desse profissional, tanto no aspecto financeiro quanto no aspecto relacionado a humanização de seu ambiente de trabalho.


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A QVT e os trabalhadores noturnos

Nesse mundo tão turbulento, onde a competitividade e a velocidade imperam, nos deparamos com um cenário que se torna cada vez mais comum e rotineiro na maioria das empresas e organizações: o trabalho dividido em turnos. São inúmeras as empresas que já adotam tais medidas, pois se vêem na necessidade de aumentar a produção e conseguirem atingir as metas e as demandas do mercado. Assim, a única saída são essas jornadas de trabalho que vão contra o relógio biológico do organismo. Paulo Dalgalarrondo nos diz que há uma grande variabilidade individual em relação ao padrão e a necessidade de sono. Algumas pessoas sentem-se descansadas e ativas durante o dia dormindo cinco horas por noite; outros já necessitam de dez a doze horas de sono para se sentirem bem. (Dalgalarrondo, 2000).

Estudos referentes à troca do dia pela noite são abordados pela Cronobiologia, que estuda os ritmos biológicos que se repetem regularmente, como a alternância entre a vigília e o sono. Pesquisas nessa área revelam um encadeamento interno entre os ritmos, essencial à condição de saúde. Quando uma pessoa trabalha à noite, ela passa a dormir de dia, mas outros ritmos biológicos (o de temperatura, por exemplo) não se modificam instantaneamente, o que leva à chamada dessincronização interna. Isso se manifesta quando a pessoa tenta dormir de dia, mas se sente alerta: na realidade, ela precisa repousar no momento em que seu corpo se prepara para a vigília (Minors & WATHERHOUSE, 1981, ap. Lúcia Rotenberg et all, [ScIELO], 2003).

É nesse contexto, que desenvolvi uma pesquisa em uma empresa no setor de cerâmica, intitulada de CONCEITOS DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE OS COLABORADORES NOTURNOS, onde foram pesquisados vinte e quatro colaboradores de uma determinada seção, que trabalham em três turnos fixos, sem revezamento: manhã, tarde e noite.

Quanto aos instrumentos, foi utilizado um questionário elaborado pelo próprio pesquisador, com trinta perguntas relativas à percepção da qualidade de vida dos colaboradores, dentro e fora do âmbito profissional. Além do questionário, também foram realizadas observações sistemáticas, focalizando pontos como ritmo de trabalho, relacionamento entre os colaboradores, grau de congruência com o trabalho e relacionamento com os seus colegas.

Quanto aos resultados, pude notar que, os colaboradores que exerciam as suas tarefas no turno matutino apresentam um grau de congruência maior com o seu trabalho, além de uma Qualidade de Vida superior aos colegas dos turnos vespertino e noturno. Com relação aos trabalhadores vespertinos, há uma discrepância com relação aos dados obtidos com os funcionários do turno da manhã, pois dizem já começar o dia cansado, sem motivação e energia, além de se queixarem também da demora com que o tempo passa nesse horário. A maioria deles não está satisfeita com esse turno, embora alguns tenham citado que esses horários lhes proporcionam mais liberdade, como poder ir ao banco de manhã, a uma loja ou até mesmo, ir a uma festa à noite, sem se preocupar em acordar de manhã.
Já os trabalhadores noturnos, apesar da afirmação de estarem satisfeitos com o horário, citam que só o toleram em prol da ajuda financeira proporcionada pelo adicional noturno. Esses funcionários, segundo os resultados da pesquisa, demonstram um nítido cansaço (físico e mental) e tais sintomas transcendem da esfera organizacional para a pessoal, afetando a sua vida afetiva, familiar e social.
Tais indivíduos também apresentaram uma péssima qualidade do sono, onde segundo os dados, os mesmos conseguem dormir em média apenas seis horas e vinte minutos por dia, afetando consideravelmente o seu desempenho, enquanto funcionários e enquanto indivíduos. Alguns deles ainda citam que, quando podem dormir mais, nunca parece ser o suficiente. Eles experimentam sinais de estafa, não conseguindo relaxar ou descansar, investindo pouco ou nenhuma energia no ambiente social, como família, lazer e amigos.

Analisando tais dados, pude notar que o turno que tem um melhor relacionamento entre os colaboradores é o turno da manhã, além de que, os mesmos se consideram mais felizes daqueles que trabalham no turno vespertino, exibindo menos cansaço e impaciência do que os outros dois horários, apontando que, dos três turnos pesquisados, são eles quem têm uma melhor qualidade de vida. Os colaboradores que mais se sentem cansados são o do turno da tarde, mais até que os do turno da noite, onde também citam com unanimidade, uma aversão a esse horário, destacando ainda que, se pudessem, trocariam pelo turno da manhã.

Apesar do turno da tarde exibir mais sintomas de cansaço, é no turno da noite onde os colaboradores se sentem mais nervosos, ansiosos, impacientes e esgotados dentro da empresa. Nesse contexto, posso inferir que tais horários estáticos, em longo prazo, podem trazer danos, biopsicossociais ao trabalhador, (principalmente aqueles que trocam o dia pela noite), e possíveis alterações comportamentais como impaciência e ansiedade.

Porém, acredito que não adotar tais horários seja uma heresia em um momento onde se requer rapidez, qualidade e agilidade dos serviços e produtos que se exigem das empresas. Nosso mundo, com sua voracidade por resultados, obriga-nos a adotar atitudes e posturas pouco convencionais ou até mesmo nunca imaginadas até então, e tenho consciência que todo ser humano deve aprender a se adaptar a todo evento novo, pois isso é um sinal de desenvolvimento.

Todavia, não podemos permitir que seres humanos prejudiquem suas vidas sociais e afetivas, comprometam a saúde em prol de horários e condições de trabalhos estáticas e inexoráveis, pois isso também seria uma hipocrisia muito grande, tanto por parte da sociedade, quanto por parte dos empresários.

Acredito que devemos refletir sobre isso...

Fonte: http://www.rh.com.br/Portal/Qualidade_de_Vida/Artigo/4001/a-qvt-e-os-trabalhadores-noturnos.html

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Produtivismo acadêmico está acabando com a saúde dos docentes

Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior - ANDES-SN


Data: 22/11/2011

Produtivismo acadêmico está acabando com a saúde dos docentes
A quarta mesa do Seminário Ciência e Tecnologia no Século XXI, promovido pelo ANDES-SN de 17 a 18 de novembro, em Brasília, debateu o “Trabalho docente na produção do conhecimento”. As análises abrangeram tanto a produção do conhecimento dentro da lógica do capitalismo dependente brasileiro, até o efeito do produtivismo acadêmico na saúde dos docentes.

Participaram dessa mesa, o ex-presidente do ANDES-SN e professor do departamento de educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher; a assistente social e também professora da UFRJ Janete Luzia Leite; e a professora visitante do curso de pós-graduação em serviço social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro Maria Ciavatta.


Leher iniciou sua fala lembrando que a universidade brasileira, implantada tardiamente, tem sua gênese na natureza do capitalismo dependente brasileiro. E é essa matriz que vai determinar o conhecimento gerado academicamente. “Também não podemos esquecer que a produção do conhecimento tem sido re-significada. Hoje, não há mais a busca da verdade, mas, sim, a sua utilidade. Sem contar que o conhecimento é uma forma de domínio, como já disseram Kissinger, Fukuyama e Mcnamara”, argumentou.


“Diante disso, está fora de lugar a perspectiva de que a universidade tem um caráter iluminista. Àquela aura do professor universitário intelectual não mais se sustenta”, constatou.


Para Leher, antes havia a valorização da cultura geral, em que era comum encontrar um físico escrevendo sobre arte. Essa ideia, no entanto, não ocorre mais na universidade submetida à lógica utilitarista e pragmática. “É a expropriação do trabalho acadêmico”, criticou.


No Brasil, esse processo foi iniciado com a ditadura militar, que centralizou no Ministério do Planejamento os programas de apoio científico e tecnológico. Como o governo precisava direcionar a inteligência na perspectiva desenvolvimentistas do país, mas queria silenciar a universidade, passou a utilizar-se dos editais para direcionar as pesquisas.

Desde então, mas, principalmente, a partir de 2000, a maioria dos recursos destinados à pesquisa foram se deslocando para o que passou a ser chamado de inovação. A hipótese de Leher é de que como Brasil é dependente e como os doutores formados nas universidades não conseguem empregos na iniciativa privada, a universidade está sendo re-funcionalizada para fazer o serviço que as empresas não querem fazer.“Isso se dá nas ciências duras, mas também nas ciências sociais. É o que explica, por exemplo, o tanto de editais para formar professores à distância, ou para fazer trabalho nas favelas. É a universidade oferecendo serviços”, exemplificou.

“Diante dessa pressão em oferecer serviços, em produzir, o professor que levar dois anos para concluir um livro é expulso da pós-graduação”, denunciou Leher.

A saída para essa situação está na aliança do movimento docente com os movimentos populares. “Ao contrário do que ocorreu em épocas anteriores, em que parcelas da burguesia apoiaram projetos de uma universidade mais comprometida com os povos, hoje eles estão preocupados em inserir cada vez mais a instituição na lógica do mercado”, constatou. “Temos, portanto, de construir um arco de forças políticas no movimento anti-sistêmico, ou seja, com movimentos como a Conae e o MST”, defendeu.

Esse diálogo vai exigir da academia, no entanto, um esforço epistemológico e epistêmico. “Se queremos o MST como aliado, por exemplo, temos de produzir conhecimento que trate, por exemplo, da agricultura familiar”, argumentou.

Qualidade no ensino
A professora Maria Ciavatta também criticou o produtivismo acadêmico ao qual estão submetidos os docentes universitários. “Numa recente publicação do ANDES-SN, li a seguinte frase, que reflete muito bem o atual estado em que nos encontramos: ‘antes, éramos pagos para pensar, agora, somos pagos para produzir’. Achei essa definição ótima”, afirmou.

Ciavatta argumentou que a baixa qualidade do ensino decorre, diretamente, da insuficiência de recursos, responsável pelos baixos salários pagos aos professores. Disse, também, que o Brasil não tem políticas públicas para educação, mas programas de governo.

Ela criticou veementemente o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico) do governo federal. “O discurso é o mesmo dos anos 90, de que precisamos treinar os jovens pobres porque eles precisam de trabalho. Ocorre que esses jovens, por não saberem o básico, também não aprenderão nada nos cursos técnicos”, previu.

“O que temos de defender é a universalização do ensino médio público, gratuito, de qualidade e obrigatório. Temos de responsabilizar o Estado nessa questão”, defendeu.

Ciavatta criticou a banalização do termo pesquisa. “Todos os professores têm de ser pesquisadores, quando, na realidade, a pesquisa científica exige um tempo para pensar”, argumentou. “A pesquisa é encarada como toda E qualquer busca de informação”, constatou.

Após citar os artigos da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) que tratam da pesquisa, ela apontou a baixa qualidade do ensino como um empecilho. “A sofisticada proposta da LDB não se faz com alunos semi-analfabetos. Não basta a alfabetização funcional de muitos e a especialização de poucos. A inovação requer a generalização da cultura científica”, diagnosticou.

Para Ciavatta, a privatização das universidades públicas, com a criação de cursos pagos, se deu a partir do achatamento salarial dos anos 90, o que acarretou maior carga horária dos professores, precarização das relações de trabalho, produtivismo induzido e individualismo. “Sou de uma época em que líamos os trabalhos dos colegas. Hoje não temos mais tempo”, lamentou.

A eficiência prescrita e o produtivismo induzido limitaram, segundo ela, a democracia e a autonomia da universidade.

Para a pesquisadora, o viés positivista e mercantilista é que está pautando a produção do conhecimento. “O direito à educação está sendo substituído pelo avanço do mercado sobre a educação, que está sendo vista como um serviço”, afirmou.

Saúde dos docentes
O produtivismo acadêmico está tirando a saúde dos docentes das universidades públicas brasileiras. Essa é a principal constatação feita por estudo da professora do curso de Serviço Social da UFRJ Janete Luzia Leite. “Antes, a docência era vista como uma atividade leve. Agora, está todo mundo comprimido”, afirmou.

A causa dessa angústia está na reforma, feita em 2004, na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Aliada ao Reuni, as mudanças na Capes foram um verdadeiro ataque à autonomia universitária”, denunciou.

O resultado foi a instituição de dois tipos de professores: o pesquisador, que ensina na pós e recebe recursos das agências de fomento para fazer suas pesquisas e o que recebe a pecha de “desqualificado”, que ficou prioritariamente na docência de graduação e à extensão. Esses, em sua maioria, são recém-contratados e terão suas carreiras truncadas e sem acesso a financiamentos.

Para Janete, os atuais docentes estão formando em seus alunos um novo ethos, em que é valorizado o individualismo, ocultada a dimensão da coletividade e naturalizada a velocidade e a produtividade.

Há, também, um assédio moral subliminar muito forte, que ocorre, principalmente, quando o docente não consegue publicar um artigo, ou quando seus orientandos atrasam na conclusão do curso. “Com isso, estamos nos aproximando de profissões que trabalham no limite do estresse, como os médicos e motoristas”, afirmou.

O resultado é que os docentes estão consumindo mais álcool, tonificantes e drogas e estão propensos à depressão e ao suicídio. “É um quadro parecido com a Síndrome de Burnout, em que a pessoa se consome pelo trabalho. Ocorre como uma reação a fontes de estresses ocupacionais contínuas, que se acumulam”, explicou Janete Leite.

O problema, segundo ela, é que as pessoas acham que seu problema é individual, quando é coletivo, além de terem vergonha de procurar o serviço médico. “Com isso, elas vão entrando em suas conchas, temendo demonstrar fragilidades”.

Como forma de mensurar o nível de estresse dos docentes, a pesquisadora da UFRJ começou a fazer uma pesquisa nesse campo. Junto com um grupo de aluno, ela entrevista professores dispostos a falar de seus problemas.

“A primeira constatação que fiz é que as pessoas estão ansiosas para falar sobre seus problemas. Nossas entrevistas não duram menos do que uma hora e meia”, contou.

Já foi possível concluir que a atual realidade tem provocado sintomas psicopatológicos, como depressão e irritabilidade; psicosomáticos, como hipertensão arterial, ataques de asma, úlceras estomacais, enxaquecas e perda de equilíbrio; e sintomas comportamentais, como reações agressivas, transtornos alimentares, aumento de consumo de álcool e tabaco, disfunção sexual e isolamento.

Tudo isso, para Janete Leite, decorre da pressão atualmente feita sobre o docente. “O nosso final de semana desapareceu, pois temos de dar conta do que não conseguimos na semana, como responder e-mails de orientandos, ou escrever artigos”, afirmou.

Para ela, é preciso que haja uma reação dos docentes a esse processo. “Caso contrário, seremos uma geração que já está com a obsolescência programada”, previu.


Veja mais:
Apresentação Maria Ciavatta
Apresentação Janete Leite

FONTE: http://portal.andes.org.br:8080/andes/print-ultimas-noticias.andes?id=5020