terça-feira, 31 de janeiro de 2012




EDUCAÇÃO NÃO É MERCADORIA,

DIGNIDADE PARA QUEM EDUCA



Helder Molina




Inicia-se mais um ano escolar, para os(as) que trabalham na educação.

Na íntegra, publico uma entrevista que concedi, a convite,  ao jornal FOLHA DIRIGIDA, publicação especializada em concursos públicos, educação, recursos humanos, qualificação profissional, empregos, mercado de trabalho, desenvolvimento.



De grande circulação em várias capitais brasileira. Plenamente atual, foi publicada em 15/10/2011, dia do professor, num CADERNO ESPECIAL, abordando VALORIZAÇÃO DOS(AS) TRABALHADORES DA ESCOLA PÚBICA, CONDIÇÕES DE TRABALHO, DIGNIDADE PROFISSIONAL, EXCESSO DE TRABALHO, PRECARIZAÇÕES, DIREITOS, SINDICATOS, SALÁRIOS, GREVES, DEFESA DA ESCOLA PÚBLICA, E O PRAZER DE SER EDUCADOR (A)





FOLHA DIRIGIDA:

1- Qual análise o senhor faz das greves e paralisações feitas pelos professores no Brasil?



Quando os trabalhadores da educação entram em greve e porque já se esgotaram todos os espaços de mediação, os canais de negociação já estão totalmente obstruídos pela intransigência dos governos. Nenhum trabalhador ou trabalhadora gosta de fazer greve, ela é uma medida extrema. Uma greve desgasta todos que vivem e precisam da escola.



Os alunos, os pais, a comunidade, o currículo, o desenvolvimento das atividades pedagógicas,  a produção do conhecimento, o planejamento didático, as férias, enfim. Mas a verdade é que, se os professores e funcionários de escola não fazem greve, suas vozes não são ouvidas, suas reivindicações não são seque conhecidas pela sociedade e reconhecidas pelos governos.



Vivemos uma crescente e degradante precarização das condições de trabalho e de salário, principalmente na escola pública. Mas de metade dos professores e funcionários trabalham com contratos temporários, vivem em situação de precarização, são garantias de salários, direitos fundamentais, como férias, 13o terceiro, aposentadoria, previdência, etc. Uma nova escravidão, de salários indignos e condições degradantes de trabalho.



Vejam as condições das escolas, a situação das salas de aulas, faltam equipamentos, materiais. Os concursos públicos são cada vez mais demorados, e só existem a custa de muitas lutas, denúncias, mobilizações dos próprios professores e funcionários. E os concursados ficam meses, até anos, aguardando para serem convocados, e quando são, já praticamente duplicou, ou triplicou, a falta de profissionais, e novamente os governos buscam o "exército intelectual de reserva", isto é, uma enorme quantidade de profissionais que se subordinam a trabalhar por condições precárias e contratos temporários. Por isso todo ano tem que fazer campanha salarial, mobilização, passeatas, paralizações, greves. 



A terceirização, precarização, degradação dos direitos, desvio e má gestão dos recursos, e abandono da escola, este é o retrato da escola, o quadro tétrico que temos que, infelizmente, apresentar no dia do professor. A educação como prioridade é uma demagogia barata nas bocas dos candidatos e governantes. A verdade é que a escola pública ainda resiste porque os trabalhadores que nela estão são convocados, dia apos dia, a resistir e defendê-la.



Hoje a educação é tratada como mercadoria, há uma crescente mercantilização do ensino. A escola privada é um grande negócio de empresários, e a escola pública, na visão empresarial, deve ser gerida baseada na meritocracia, produtivismo, mercantilismo, e outros ismos do neoliberalismo



FOLHA DIRIGIDA

2- Fazer greve todo ano, no Brasil, já faz parte do calendário das redes públicas? Pode ter virado uma questão cultural?



Não se trata de uma questão cultural, se trata de uma luta por direitos, de um grito dos profissionais da escola. A escola pública é uma conquista da sociedade democrática, da luta contra o elitismo que impera na nossa cultura. Uma conquista de muitos movimentos, dos sindicatos, da cidadania democrática, das organizações populares, dos partidos progressistas.



O povo precisa da escola pública, os trabalhadores só terão acesso ao conhecimento, à ciência, à tecnologia, se existir a escola pública, seja ela fundamental, média ou superior. Os ricos não precisam da escola pública, eles já têm acesso aos bens culturais e educacionais, produzidos pela divisão de classes, pela segmentação dos lucros, pelo acesso ao Estado, enfim.



Não há um calendário dizendo que tem greve anotada na agenda, quem diz isso são os sacerdotes da privataria, os intelectuais que defendem a escola como mercado e a educação como mercadoria. Todos os anos nos planejamos para dar o melhor de nós, produzir boas aulas, fazer o melhor para nossos alunos,  desenvolver conhecimentos, enfim. Mas, vejam os salários dos professores e professoras? Vejam os salários dos profissionais de apoio?



Acha que dá apara viver com essa miséria no final do mês? ter que trabalhar em três ou quatro escolas, para poder pagar as contas no final do mês de trabalho? Como se qualificar? trabalhando em tantos lugares, parecendo mascates, peregrinos andarilhos, de ônibus, de trem, de carona, pagando de seu próprio bolso, pois os penduricalhos que pagam como benefício mal dá para pegar ônibus, muitas viajam de carona, ou mesmo a pé.



Dá para falar em questão cultural? quem diz isso não conhece o cotidiano de quem vivem com R$ 800, 00, R$ 900,00 por mês. Nenhum profissional merece condição tão degradante, sem falar no assédio moral, no adoecimento psíquico, na depressão, insônia, angústia por ver a situação da escola como está, na violência que cerca a escola, e a invade e a domina?  



FOLHA DIRIGIDA

3- Por que estes movimentos ainda são tão ineficazes e pouco rentáveis?



Depende do ponto de vista que se olha. Como disse anteriormente, só existe escola pública porque milhares de profissionais se dedicam a ela, e não é só pelo salário, é pela ideologia da defesa do público, pelo compromisso da garantia do espaço de produção do conhecimento útil aos trabalhadores, aos pobres, único espaço onde os pobres podem sonhar em serem sujeitos, terem futuro.



Pensemos sinceramente: há futuro para os pobres, para os excluídos, se deixam de existir a escola pública? E não se trata de pensar que as greves sejam rentáveis, se trata de lutar pela sobrevivência material, mais que isso, de garantir que o conhecimento, a ciência, a tecnologia seja protagonizada pelos trabalhadores.



E verdade que as greves se arrastam, pois os governos viram as costas, greve de educadores não mexe na taxa de lucros, não produz mais valia, enfim, não se trata de um setor produtivo, do ponto de vista de mercadorias, como uma fábrica, um banco, enfim. Mas se tratam de um setor extremamente importante para a democracia, a cidadania, os direitos sociais.



São eficazes porque denuncia os descasos, os desrespeitos, a escravidão vivida pelos profissionais de apoio, e pelos educadores, nas injustas e indignas condições de vida e de trabalho. Do ponto de vista do mercado, rentável é taxa de juros altos, financeirização da educação, vender ações nas bolsas de valores, trocar professor de carne e osso, por televisão, aulas à distância, tutoria, etc. Não produzimos para o mercado, produzimos para a sociedade, para os setores mais marginalizados, mais abandonados pelo Estado oficial e pela lógica econômica da eficácia e da eficiência.



FOLHA DIRIGIDA

4- a sociedade ainda é insensível às causas da educação e dos professores?

  

Há uma espécie de anestesiamento social, de individualismo, de domínio da lógica do consumo, do que vale é o indivíduo, o mérito individual, cada um por si. A lógica da competição, do mercado, do lucro. Vale mais o ter do que o ser. O direito à propriedade está acima do direito à vida. Um banqueiro que lucra 1 bilhão de reais, com juros altos, câmbio e bolsa de valores, não é criminoso, mas um sem teto que pede esmolas na porta de um banco é preso como perigo à propriedade privada e à riqueza individual.



Daí se explica o desprezo pelo público, pelo coletivo, um esvaziamento da esfera pública, a morte da política como bem comum, com vontade geral. Quem pode, paga escola particular, quem não pode, que suporte a degradante escola pública. Greve? coisa de preguiçosos, baderneiros, vagabundos, quem mandou escolher ser professor? O desdém e o desprezo com a "rés” pública, isto é, com a coisa púbica, são grandes aliados da privatização e do elitismo, e da exclusão.



FOLHA DIRIGIDA

5- O senhor acha que os alunos são mesmo os grandes prejudicados nesta queda de braço entre professores e o poder público?



Não vejo como queda de braços, vejo como uma luta justa por direitos. os alunos são muito mais prejudicados pela falta de professores, pela carência de material, pela degradante condição física da escola atual,, É degradada pela violência, pelo desemprego, miséria social  ausência de políticas pública, enfim. Os professores e os alunos não são inimigos, são aliados, parceiros, na defesa da escola pública, inimigos são os que a querem privatizar, ou simplesmente destruí-las, tornar uma escola pobre para os pobres, e outra escola rica, para os ricos, aprofundando o dualismo educacional. 



O poder público, com a lógica privatista, é o grande inimigo da escola pública, da universidade pública, veja o caso da UERJ, onde mais de 50% dos professores são precarizados, com contratos de seis meses, sem direito a pesquisa, sem carreira, sem dignidade profissional, não podem sequer votar nas questões que decidem os destinos de universidade onde trabalham, isso não é uma nova forma de escravidão? escravidão neoliberal,  fica bonito falar desse jeito pós moderno



FOLHA DIRIGIDA

6- Estamos atrasados nas nossas demandas, e também nas formas de reivindicação?

  

Existem muitas formas de lutas, como abaixo assinados, internet, festivais, corridas. passeatas, enfim. Mas a greve ainda é fundamental, não perdeu a validade, e só nela, infelizmente, saímos da invisibilidade, do ostracismo, sem gritar, morremos, matam-nos a voz, depois a alma, depois podem fechar a escola. Nossa alma está no nosso trabalho, nele nos identificamos.



Produzimos nossas vidas, somos dignos pelo nosso trabalho, amamos ser professores, trabalhamos com a produção do conhecimento, com a produção de subjetividade, sensibilidade, buscamos produzir a solidariedade, a troca que gera vida, quer sentido melhor? semear solidariedade, para gerar vida plena? 



FOLHA DIRIGIDA

7- É possível fazer um paralelo entre as ações sindicais no Brasil e no exterior?

  

Sim, os trabalhadores continuam lutando, as crises são dos ricos, dos patrões, dos banqueiros, dos governos que gastam o dinheiro público para salvar e aumentar riquezas privadas, e querem que nós paguemos a conta. Os trabalhadores da educação lutam no Brasil, na América Latina, no mundo, em defesa do direito à educação, pela manutenção da escola pública, dos direitos sociais, dos direitos humanos, enfim, da vida. Só a vida se ela for partilhada. Somos trabalhadores da vida partilhada.



Helder Molina é professor da faculdade de educação da Uerj, disciplina Educação e Movimentos Sociais, é licenciado e bacharelado em História, pela UFF, e mestre em Educação, pela UFF, doutorando em Políticas Públicas e Formação Humana.
É educador popular e sindical, assessor de formação e pesquisador sindical, estuda no doutorado o tema que vincula trabalho-educação- direitos sociais-sindicalismo e consciência de classe e capitalismo.




Helder Molina
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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

SÍNDROME DE BURNOUT: UMA REFLEXÃO LITERÁRIA SOBRE A OCORRÊNCIA EM DOCENTES DO ENSINO SUPERIOR

BURNOUT SYNDROME: A LITERARY REFLECTION ON THE OCCURRENCE OF IT WITH PROFESSORS OF UNIVERSITY EDUCATION
Francielly Damaris Ferreira
Cristiane José Borges
 2010

Resumo Vivemos num momento em que o ambiente profissional prioriza valores econômicos em detrimento dos humanos. Esse fato acaba promovendo um esgotamento físico e mental nos indivíduos, sendo que estes estão cada vez mais relacionados ao trabalho, quando o mesmo não lhe proporciona condições adequadas. Uma profissão relacionada ao cuidado e dedicação ao outro como a docência, acaba sendo alvo de comprometimento psíquico com o passar dos anos. Assim sendo, diversos autores tem se dedicado ao estudo e ao conhecimento das variáveis que contribuem para o desenvolvimento de burnout em professores, portanto este estudo busca, por meio de revisão da literatura/descritiva, identificar a produção cientifica atual sobre o assunto e verificar os consensos e as controvérsias. Os efeitos desta psicopatologia podem prejudicar o profissional docente em três níveis: individual, profissional e organizacional. Mais estudos devem ser realizados, a fim de que as mudanças organizacionais necessárias à redução deste problema sejam baseadas em evidências científicas Palavras chaves: burnout, professores, ensino superior.

Abstract: We live in a time when the professional environment prioritizes economic values instead of human ones. This fact ends up leading to a physical and mental exhaustion in individuals, and these are increasingly related to work, when it does not give you appropriate conditions. A profession related to the care and dedication to others as teaching ends up being the target of psychological damage over the years. Thus, several authors have been devoted to the study and knowledge of the variables that contribute to the development of burnout in teachers, therefore this study aims, through literature review / descriptive one, identify the current scientific production on the matter and verify the consensus and controversies. The effects of psychopathology may affect the teaching professional at three levels: individual, professional and organizational ones. More studies are needed, so that the organizational changes necessary to the reduction of this problem are based on scientific evidence.




Fonte: revistas.jatai.ufg.br/index.php/itinerarius/article/download/.../565



segunda-feira, 23 de janeiro de 2012





Os valores organizacionais e a Síndrome de Burnout: dois momentos em uma
maternidade pública

Livia de Oliveira Borges; João Carlos Tenório Argolo; Maria Christina Santos Baker
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

RESUMO
Estudos anteriores têm assinalado a associação da incidência da síndrome de burnout e os valores organizacionais (valores atribuídos às organizações pelos empregados em um nível ideal e real). Em tal contexto, foi desenvolvida pesquisa em uma maternidade pública em 2003, replicando uma pesquisa anterior realizada em 2000, objetivando comparar os resultados. Aplicaram-se o Inventário de Valores Organizacionais e o Inventário de Maslach sobre burnout, numa amostra de 48 profissionais de saúde, e entrevistas, numa sub-amostra. Os resultados indicaram ocorrer uma redução nas diferenças entre níveis de análise ideais e reais dos valores organizacionais, principalmente no pólo de igualitarismo. Esses resultados associam-se às mudanças na gestão organizacional. Os níveis de burnout entre os profissionais de saúde apresentaram-se estáveis. A associação entre os valores organizacionais da maternidade e a síndrome de burnout muda, porém é contraposta pela tensão oriunda no aumento da carga de trabalho e nos salários.
Palavras-chave: Valores, organizações; síndrome de burnout; análise de regressão; serviços de saúde.

Fonte: Psicol. Reflex. Crit. vol.19 no.1 Porto Alegre 2006

A incidência da Síndrome de Burnout entre os professores ...


A incidência da Síndrome de Burnout entre os professores acarreta prejuízos tanto para a saúde do professor quanto para a sociedade de uma maneira geral.

Os dados sobre a saúde e a Qualidade de Vida no trabalho docente são alarmantes e os números estatísticos sobre os afastamentos são prova disso.

Em 2009, a principal causa de afastamento dos professores dos seus postos de trabalho foram os transtornos mentais. Em 1999, os transtornos mentais eram responsáveis por cerca de 16% dos afastamentos. Em 2010, a porcentagem subiu para 30% - de um universo aproximado de 16.000 afastados.

Portanto essas informações sugerem que os aspectos presentes nas contingências do trabalho docente exigem desses profissionais competências que vão além de suas capacidades físicas e mentais. Essas exigências estão relacionadas a fatores contribuintes que podem desencadear patologias físicas e/ou psicológicas, favorecendo, dessa forma, o surgimento da Síndrome de Burnout nessa categoria profissional.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Programa Leila Victor Especial - Canal 6 TV Comunitária NET

Gisele levy - Programa Leila Victor / Tv Comunitária







Canal 6 - 5a feira as 15:30 hs.
Apresentação Livro: Burnout docente ...
Dezembro 2011.
  

Evento: Saúde do professor / FAETEC - UERJ (Agosto 2011)




A Síndrome de Burnout: Adoecimento docente.

Gisele Levy 
Palestra: Burnout o adoecimento docente.
Local: APPAI - 17/01/2012



sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Palestra Síndrome de Burnout: Adoecimento docente

 
Palestra: Síndrome de Burnout: Adoecimento docente
 
 
Palestrante: Gisele levy
 
Data:17/01/2012 - terça-feira - Horário: 13h às 17h
 
Local: Appai    ASSOCIAÇÂO BENEFICIENTE DOS PROFESSORES PÚBLICOS - RIO DE JANEIRO
Tel: 3983-3200

Rua Senador Dantas, 117 sobreloja 211 - Centro - Rio de Janeiro