quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Violência nas escolas - CFP


Conselho Federal de Psicologia.

19/02/2013 - 19:10, atualizado em 25/02/2013 - 11:30

Violência nas escolas

Ministro da Educação dialoga com CFP, ABEP e movimentos sociais sobre o tema

Violência nas escolas foi tema da reunião entre o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, o presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Humberto Verona, a presidente da Associação Brasileira de Ensino da Psicologia (ABEP), Ângela Soligo, e membros de movimentos sociais. O encontro aconteceu na terça-feira (19/2), em Brasília, e teve o propósito de debater a amplitude da pesquisa do CFP, em parceria com o MEC, para auxiliar no combate a esse tipo de ocorrência nas instituições de ensino do Brasil.
Verona informou que até o final de fevereiro está prevista a conclusão da parte orçamentária da pesquisa e infraestrutura necessária para começar os trabalhos. “A ideia é que a primeira etapa do projeto, que contempla o levantamento de todos os estudos feitos sobre violência nas escolas, esteja concluído até julho de 2013”, estimou. Dez universidades federais das cinco regiões do País vão colaborar com o projeto, coordenadas pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).
A pesquisa possui um campo amplo de avaliação que envolverá toda forma de violência e preconceito nas escolas urbanas e rurais, desde as de natureza étnico-racial, de gênero, aspectos culturais, até aquelas onde haja discriminação por questões culturais ou religiosas.
A proposta do projeto visa orientar a produção de subsídios aos segmentos envolvidos no processo educacional: pais, alunos, professores e demais trabalhadores das escolas. Há também a expectativas de resultados que apontem para a capacitação de docentes para atuar com os temas nas instituições de ensino.
Fonte: http://site.cfp.org.br/violencia-nas-escolas/



Abaixo segue o resumo da pesquisa que desenvolvi para o Mestrado- UERJ, índice de Burnout em professores do ensino fundamental - Um dos aspectos que mais significativos da pesquisa foi a associação da violência em sala de aula e a presença de sintomas de burnout, entre os professores analisados.
Boa leitura !



Artigo apresentado na 5a Amostra de Técnica Cognitiva Psicologia Comportamental 

www.atc-rio.org.br/docs/anais_da_5ª_Mostra.pdf




SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFESSORES DA REDE PÚBLICA DO ENSINO FUNDAMENTAL


LEVY, Gisele Cristine Tenório de Machada[1]NUNES SOBRINHO, Francisco de Paula[2] 



RESUMO

            O presente artigo relata os resultados de uma pesquisa descritiva de campo que teve como objetivo avaliar o índice de Burnout em professores do ensino fundamental da rede pública municipal, de um dos estados da região sudeste. Foi extraída uma amostra de 119 professores do ensino regular, do universo de 1335 desses profissionais. Para a pesquisa, foram formuladas cinco hipóteses relativas aos fatores contribuintes para o desenvolvimento da Síndrome de Burnout nos professores. As hipóteses foram as seguintes: a) os professores do sexo feminino apresentam elevado índice de Burnout; b) os professores com jornada de trabalho acima de 60 horas semanais apresentam um quadro de Burnout; c) a idade do professor é fator determinante para a presença da Síndrome de Burnout; d) o sentimento de ameaça, experimentado pelo professor em sala de aula, favorece o desenvolvimento da Síndrome de Burnout e e) o trabalho dos professores com alunos com necessidades educativas especiais contribui para o desenvolvimento da Síndrome de Burnout.  Os resultados apontaram diferenças significativas entre as médias de Burnout e pelo menos seis variáveis independentes. Pela Correlação Linear de Pearson, foi verificada, também, correlação significativa entre Burnout e o sentimento de ameaça experimentado pelo professor em sala de aula.


          

MÉTODO

Participantes
            O universo de participantes da pesquisa totaliza 119 professores da Rede Municipal de Ensino, que lecionam no Ensino Fundamental. Este número representa, aproximadamente, 13% dos 2.273 professores que atuam neste segmento, sendo todos filiados a seis escolas públicas municipais, localizadas em um dos estados da região Sudeste.


Instrumentos
            Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram: CBP-R, versão revisada do CBP “Cuestionário de Burnout do Profesorado” (Moreno, Oliver e Aragones, 1993). Esta escala avalia a Síndrome de Burnout e de outros três fatores: stress, desorganização e problemática administrativa. Além dessa escala foi aplicado um inventário elaborado para o levantamento das variáveis sócio-demográficas.
        
Resultados
            Dentre os 119 professores selecionados para o estudo, 77 (64,7%) responderam às questões dos instrumentos. Desse total, 54 professores, ou seja, 70,13%, apresentavam sintomas de Burnout. Dentre eles, 85% sentiam-se ameaçados em sala de aula, 44% possuíam uma jornada de trabalho superior a 60 horas e 70% encontravam-se em uma faixa etária inferior a 51 anos. 


Sentimentos de ameaça em sala de aula


   O fenômeno da violência na atualidade, especialmente nas grandes cidades, vem adquirindo cada vez mais visibilidade. As manchetes de jornais denunciam uma situação alarmante, com o aumento do número de vítimas a cada dia. Os relatos de violência contra os professores dentro e fora das instituições escolares é exemplo dessa barbárie.
    A esse respeito, os resultados obtidos na presente pesquisa evidenciam os efeitos da violência sobre a saúde física e psicológica desses profissionais. Do total que sofriam da Síndrome de Burnout, 86% se sentiam ameaçados dentro de suas salas de aula. 

Considerações Finais     

            Tomando-se como referência a literatura e os resultados da pesquisa de campo realizada, foi possível constatar a presença de fatores determinantes para o desenvolvimento da Síndrome de Burnout entre os professores, como: a escalada de terror e de violência que se instalou no ambiente escolar; a jornada de trabalho excessiva; os baixos salários; a pouca idade associada à falta de experiência profissional; e a formação precária para o atendimento das demandas educacionais na atualidade.
            Nesse sentido, também é importante ressaltar os aspectos vinculados à rotina diária do professor que estão diretamente relacionados à variabilidade do trabalho docente, determinado pela gestão, políticas educacionais, composição e tamanho das turmas e infra-estrutura material das escolas – carregar material didático, permanecer de pé e em posição inadequada por um longo espaço de tempo e excesso de carga de trabalho.
            Os dados apontam que o professor é um trabalhador sujeito a inúmeros infortúnios em função das características da própria atividade ocupacional, que está, a cada dia, mais desumanizada por conta da desvalorização da profissão, sendo, entre outros fatores, responsável pelo grau de esgotamento no trabalho e conseqüente desenvolvimento da Síndrome de Burnout.
            Deste modo, o resultado do levantamento sobre o índice da Síndrome de Burnout em docentes poderá subsidiar políticas públicas no sentido de instalar serviços de caráter preventivo na Rede Municipal de Educação, além de possibilitar a elaboração de estratégias de enfrentamento e instalação de programas preventivos, que auxiliarão o profissional no manejo do Burnout, estendendo o beneficio à direção das escolas, colegas de trabalho e alunos.
           





[1] Doutorado no Programa de Políticas Públicas e Formação Humana pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Mestre em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Pesquisadora do Núcleo de Pedagogia Institucional (Nupi/Uerj). Psicóloga graduada pela Universidade Estácio de Sá e Bióloga graduada pela Universidade Gama Filho.

[2] Ph.D. pela Vanderbilt University; Professor Titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro- UERJ; Docente do Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas e Formação Humana, PPFH-UERJ; Ergonomista certificado pela Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO.