terça-feira, 30 de setembro de 2008

SÍNDROME DE BURNOUT: Pesquisas revelam alta incidência de desgaste emocional e depressão em professores

Um recente estudo da Universidade do Estado do Rio Janeiro (Uerj), realizado pela pesquisadora Gisele Levy, revela que cerca de 70% dos professores de cinco escolas da Rede Municipal de Educação de Niterói sofrem da Síndrome de Burnout, ou seja, de exaustão emocional, despersonalização e falta de realização. Burnout é a tradução aproximada de “perder o fogo”, “perder a energia”, dada pelos pesquisadores ao mal sofrido por aqueles que exercem determinadas profissões, entre elas, os educadores.

Trata-se de um processo de deterioração das relações de trabalho, dentro e fora de sala de aula. Estudiosos definem a síndrome como uma reação a um processo crônico de tensão e desgaste emocional, proveniente de contato direto, constante e excessivo com outros seres humanos, particularmente quando estes estão preocupados com outros problemas.

A amostra sobre a pesquisa sobre a Síndrome de Burnout reuniu 119 professores do Ensino Fundamental de Niterói e municípios vizinhos, que trabalham com alunos entre seis e 14 anos de idade. Deste total, 71 % pertenciam ao gênero feminino, 34% tinham idade entre 31 e 40 anos. Os dados revelam também que 86% se sentiam ameaçados em sala de aula.

Segundo Gisele Levy, são muitos os aspectos que contribuem para a Síndrome de Burnout, como as condições precárias em que o ensino público se encontra, baixos salários, jornada de trabalho excessiva, prédios mal conservados, falta de equipamentos, violência dentro e fora das escolas e até mesmo a inexperiência d docente.

"A idade do professor é determinante para o desgaste profissional. Professores de mais idade e com maior experiência conseguem administrar melhor situações adversas em sala de aula, pois utilizam habilidades profissionais adquiridas ao longo do tempo", ressalta.

Belo Horizonte
Outra pesquisa, realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), revelou que os professores da rede pública estão sofrendo de depressão e estresse. O levantamento, feito em 26 escolas municipais de Belo Horizonte (MG), em 2005, concluiu que a metade dos professores sofre algum tipo de transtorno mental.

A depressão e a ansiedade se manifestam de várias formas, segundo a pesquisadora Sandra Gasparini. "Esquecimento fácil, falta de concentração, alterações de sono, alterações de humor, irritabilidade, doenças somáticas, como dor de estômago", listou.

Segundo a CNTE, 30% dos afastamentos em escolas da rede pública do País são provocados pelo estresse. Uma situação que preocupa porque afeta a qualidade do ensino.

"Nós consideramos que qualquer atividade, qualquer iniciativa individual da própria pessoa ou das próprias entidades sindicais não dão conta de resolver esse problema que é bastante grave. É preciso também a implementação de uma política pública de acompanhamento, de prevenção das doenças profissionais", afirmou Inês Camargos, da CNTE.

A CNTE publicou uma cartilha sobre a Síndrome de Burnout, e poderá ser baixada em PDF no endereço abaixo.

http://www.cnte.org.br/anexos/Burnout_Cartilha_CNTE_e_CUT.pdf

(Fontes: www.uerj.br, www.cnte.org.br, www.simprocampinas.org.br - 10/4/2007)

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