quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Crise econômica provoca stress

Insónias, dores de cabeça, palpitações e dores no peito são alguns dos sintomas que cada vez mais portugueses estão a apresentar nos consultórios médicos, associados à crise económica, o que preocupa os cardiologistas.

O presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC), Manuel Carrageta, tem acompanhado a crise económica mundial, e em especial a que se vive em Portugal, através dos seus doentes.

Nos últimos meses, as pessoas têm acusado sintomas de risco para o coração que o médico atribui às dificuldades financeiras por que estão a passar.


Factores de risco


Cefaleias (dores de cabeça persistentes), insónias e dores no peito são alguns dos sintomas que muitos doentes têm apresentado nos consultórios e que «estão associados a estes últimos tempos de crise», disse Manuel Carrageta.

Para o presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, estas são alturas em que os riscos, já grandes, se tornam ainda maiores porque «as pessoas têm tendência para praticar hábitos pouco saudáveis e muito pouco amigos do coração, como comer comida muito doce ou salgada, fumar e beber álcool em excesso».

Por esta razão, os cardiologistas recomendam hábitos de vida saudáveis, uma dieta equilibrada e prática de desporto. Exercícios de relaxamento e de respiração são algumas das receitas para estes tempos de crise.

Contudo, e nos casos em que os doentes já apresentam problemas de coração, a receita passa por intensificar a terapêutica.

Ao elevado número de casos de diabetes, colesterol elevado, hipertensão e obesidade, a crise económica junta-se agora aos factores de risco dos acidentes cardiovasculares, que matam anualmente 40 mil portugueses.


Manuel Carrageta contou à Lusa que já acompanhou casos de pessoas que «perderam tudo».

Algumas tinham as poupanças de uma vida no banco Lehman Brothers, que faliu recentemente.

Outras foram surpreendidas com os efeitos da crise em aplicações que tinham e que desconheciam estarem ligadas à bolsa, e por isso perderam muito dinheiro.

Manuel Carrageta também seguiu casos de pessoas que perderam o emprego, por pertencerem a quadros de empresas norte-americanas que simplesmente fecharam as portas de um dia para o outro.

O "monstro" que mata

No meio desta crise, o organismo sente-se em perigo e começa a funcionar como se estivesse ameaçado por um monstro, libertando hormonas que desde sempre permitiram ao homem fugir e lutar.

O homem sempre dispôs deste mecanismo, que permitia na pré-história fugir dos animais ou ter mais força para combater estes e outros inimigos, segundo Manuel Carrageta.

As hormonas que se libertam em situações de grande stress e de medo levam a que o sangue seja orientado para os braços (para fomentar a luta) e para as pernas (permitindo a fuga).

Como o homem não pode fugir do “monstro” da crise, mas o sangue é na mesma orientado para estes membros, dá-se uma grande sobrecarga do coração, pois sobe a tensão arterial e é maior a frequência cardíaca, o que aumenta os riscos de um ataque cardíaco.

No fundo, pormenorizou, é o próprio organismo que, ao accionar este mecanismo de defesa, se agride a si próprio, ameaçando o coração.

FONTE: http://quiosque.aeiou.pt/gen.pl?mode=thread&fokey=ae.stories/12396&va=822298&p=stories&op=view

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