quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Stress de Final de Ano. UFA !!!!!!!!!!!!!

Fuja dessa loucura
Pesquisa constata que os preparativos
das festas de fim de ano e até das férias
estão entre as principais causas de
stress desta época

Celina Côrtes, Cilene Pereira
e Mônica Tarantino
Colaborou Greice Rodrigues

Começou a contagem regressiva. Falta menos de um mês para as festas natalinas e de final de ano. Aqueles dias em que nos imaginamos com os pés para cima contemplando o horizonte, num belo hotel à beira-mar ou nas montanhas. Caros leitores e leitoras, desculpem, mas é hora de acordar. Na vida real, é nesta época do ano que a tensão aumenta de maneira impressionante. Uma pesquisa feita no início do mês pela Isma-BR (entidade de gerenciamento do stress) com 678 pessoas mostrou que 80% dos entrevistados já se sentiam quase duas vezes mais estressados do que no resto do ano. E a subida dos ponteiros começa na primeira quinzena de novembro, assim que a decoração de Natal ganha as ruas, as lojas se enchem e os filhos entregam suas listas de presentes. Ao mesmo tempo, os adultos começam a bolar estratégias para atender às solicitações profissionais e familiares e, se der, para ficar com o troco do décimo terceiro salário.

Sentimentos – O excesso de compromissos e decisões cansa demais. Por isso, está entre as primeiras causas do maior stress no final de ano. Como resultado, as mudanças de humor se tornam freqüentes. São facilitadas porque, no período, é comum aflorarem sentimentos de ansiedade e angústia. De acordo com o estudo, mais de um terço dos entrevistados sofre no final do ano lembrando de rupturas amorosas, de entes queridos que se foram ou de queda na qualidade de vida. “Ocorre um processo meio inconsciente de revisão de vida, de coisas que não foram feitas, e também a formulação de expectativas”, explica o psiquiatra Elko Perissinotti, dos hospitais São Luiz e das Clínicas, de São Paulo.

Mas tem jeito de aproveitar a virada do ano sem que o desgaste – físico e emocional – apague o brilho da festa? Embora a pergunta seja antiga, as respostas dos especialistas agora estão fundamentadas em critérios científicos de manejo do stress e têm menos cara de orelha de livro de auto-ajuda. “Não há milagres. Deve-se identificar os fatores de maior impacto e escolher meios de atuar sobre eles. Se é preciso realizar uma festa de réveillon e não há tempo, peça auxílio”, diz a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da Isma-BR. Dessa forma, o que é um fardo vira um prazer. “Dividir a criação da festa com a família ou amigos pode ser até mais divertido”, concorda a chef de cozinha Flávia Quaresma, do Rio de Janeiro.

Na verdade, há várias medidas para solucionar as dificuldades do período, como decidir para onde viajar. “Se o objetivo é descansar, melhor ir a um hotel fazenda. Para conhecer um lugar, a gente anda, usa transportes. Esclarecer isso evita stress no passeio”, diz Mariza Carone, da agência de turismo Turnet, de São Paulo. Também não vale a pena procurar um lugar para relaxar e ser obrigado a fazer inúmeras atividades para... relaxar. No spa Oásis, em Gravatá, em Pernambuco, o lema é não impingir nada. “Temos uma visão flexível e auxiliamos as pessoas a reduzir o stress de maneira suave”, diz Ana Cláudia de Araújo, dona do lugar. Existem outras orientações, de ordem emocional, que, de preferência, devem ser aplicadas desde cedo para que se chegue à idade adulta sem tanta crise, principalmente nesta época. “Precisamos ajudar as crianças a desenvolver a resiliência, termo da física que se refere à capacidade de um corpo voltar ao natural depois de ser submetido à pressão. É necessário ensiná-las a suportar as frustrações e a desfrutar os momentos”, recomenda Perissinotti.

Prática – Mais um ponto é crucial para conquistar resultados concretos: como
há muita informação disponível sobre stress, as pessoas tendem a se convencer
de que o fato de conhecerem o assunto lhes garante uma proteção quase mágica. “Existe uma falsa sensação de segurança por ter lido sobre o tema. É como ser
um consultor financeiro que ajusta as finanças dos outros, mas vive no vermelho”, compara Ana Rossi. O ensinamento significa que é necessário ir além da teoria.
“As pessoas precisam preparar seu relaxamento”, explica o psicanalista carioca José Arruda.

O raciocínio serve para atuar contra o stress do final de ano, mas também é um ponto de partida para uma reflexão mais ampla sobre o que se quer da vida. Continuar correndo, eternamente irritado e sem tempo para aquele projeto pessoal, ou construir um modo de vida no qual caibam o descanso e a serenidade? No mundo, já existem grupos que optaram pela segunda via. O estímulo mais recente à adoção de uma vida “desacelerada” foi o lançamento do livro Devagar (Ed. Record), em agosto, do jornalista canadense Carl Honoré, 37 anos. Honoré, um ex-acelerado, viu que corria demais quando se interessou por histórias infantis rápidas, para fazer o filho dormir em um minuto. O absurdo o fez mergulhar em pesquisas. “Desde que o livro saiu, os movimentos de desaceleração se multiplicam. As pessoas percebem que a velocidade traz mais danos do que benefícios”, disse Honoré a ISTOÉ. Um desses grupos é a Sociedade para a Desaceleração do Tempo, sediada na cidade austríaca de Klagenfurt, com seis mil membros. O movimento defende que se deve usar o tempo necessário para fazer as coisas com capricho e assim obter mais prazer. Seu objetivo é recorrer ao melhor da tecnologia e do design para tornar a vida mais fácil e aprazível. Quem não quer?

FONTE: http://www.terra.com.br/istoe/1885/medicina/1885_fuja_loucura.htm

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