terça-feira, 16 de outubro de 2007

Análise do índice de Burnout em professores da rede pública do ensino fundamental

Vítimas em sala de aula
15 de agosto de 2007

Professores abandonam carreira devido a agressões de alunos e doenças provocadas pelas más condições de trabalho. No estado, só até maio, 2,8 mil mestres entraram de licença médica
Com a saúde e às vezes até a vida ameaçadas, professores de escolas públicas do Rio estão abandonando as salas de aula. Vítimas de doenças e reféns da violência e da insegurança, muitos vêem seus próprios alunos se transformarem em agressores que intimidam e atacam. Impotentes diante do medo, tentam se esconder e recomeçar. Segundo dados da Secretaria Estadual de Educação, de janeiro a maio 2.800 docentes entraram de licença por motivos de saúde sem alta prevista. No mesmo período, outros 2.020 docentes simplesmente abandonaram o cargo. O êxodo de mestres preocupa o Ministério da Educação (MEC), que estuda medidas para cobrir déficit de 710 mil docentes no Brasil. De acordo com relatório do órgão, o País vive ameaça de “Apagão do Ensino Médio”, como O DIA vem mostrando desde domingo.

As doenças psiquiátricas são a principal causa de afastamento dos mestres — mais de 50%, de acordo com o Sindicato Estadual de Profissionais da Educação (Sepe). Recentemente, doença conhecida como Síndrome de Burnout, ou Síndrome do Desgaste Profissional, tem acometido milhares deles. “Existe uma despreocupação com a saúde do professor. A doença acomete pessoas que são muito dedicadas ao trabalho e não têm boas condições para exercê-lo. No caso dos mestres, eles se sentem acuados diante dos baixos salários, jornada excessiva, prédios malconservados, falta de equipamentos e violência”, atesta a psicóloga Gisele Levy.
Pesquisadora da Uerj, ela verificou que 70% dos mestres de cinco escolas municipais de Niterói
sofrem da síndrome, que causa grande exaustão física e emocional.

Em setembro, a síndrome fez mais uma vítima. Apaixonada pela profissão, B., 51 anos, desenvolveu a doença ao longo de seis meses de convívio com alunos de uma escola municipal da Zona Sul do Rio. Submetida à rotina sufocante de ameaças, xingamentos e humilhações, a professora de Português não suportou a pressão e entrou em licença médica. Hoje, vive à base de antidepressivos e não consegue se aproximar de uma escola. “Quando entrei para o município, achei que tinha chegado ao paraíso, mas descobri que era o inferno. Professor é um lixo para eles”, lamenta. Seu sofrimento começava no domingo à noite. “Era outra pessoa. Vivia tensa, pensando no que ia enfrentar no dia seguinte”, relembra.

Fonte: O Dia OnLine - Carol Medeiros e Maria Luisa Barros

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